THE ART OF CRASHING

HUGO COSTA & PHILIPP ERNSTING recorded a fine album, titled ‘THE ART OF CRASHING’, and was released last year on A NEW WAVE OF JAZZ. Here’s a fantastic review on the Portugese JAZZ.PT website. Check out here below their awesome concert we curated at PlusEtage last year. A beautiful album you can order here.

“4 out of 5 stars ! “The Art of Crashing”, com chancela da editora A New Wave of Jazz, junta em duo o saxofonista alto português Hugo Costa, há muito radicado nos Países Baixos, e o baterista alemão Philipp Ernsting, também companheiros de aventuras em formações como Albatre e Anticlan. A jazz.pt já o escutou.

O saxofonista alto Hugo Costa, radicado em Roterdão, Países Baixos, desde 2010, continua a explorar diversas configurações instrumentais e a desbravar novos territórios, fazendo uso das suas qualidades enquanto pensador e músico ágil. Faz parte da relevante cena local (com extensão a Amesterdão) do jazz mais aventuroso e da livre improvisação, e tem vindo a repartir a sua atividade por diversos projetos, avultando o power-trio Albatre – com o contrabaixista e baixista Gonçalo Almeida e o baterista alemão Philipp Ernsting, no trio Garuda, com o contrabaixista Hernâni Faustino e do baterista João Valinho, Anticlan (com o mesmo Ernsting e o guitarrista de origem mexicana Josué Amador), Real Mensch (ao lado de Assi Weitz e Robert Gradisen), ou o trio com dois neerlandeses (Raoul van der Weide e Onno Govaert) que em 2022 editou “Land Over Water”.

É precisamente com o baterista Philipp Ernsting que Costa agora se apresenta em duo, neste “The Art of Crashing”, com selo da A New Wave of Jazz, editora com curadoria de Dirk Serries, cujas atividades remontam a 2015. Ambos os músicos provam, se necessário fosse, que para além de soarem flamejantes, também são exímios na construção de detalhes e a aproximarem-se do universo do jazz com mestria e conhecimento de causa. Aqui demonstram de modo mais evidente essas dimensões, não apenas enquanto individualidades, mas sobretudo enquanto seres musicais dialogantes, que em seis improvisações livres nos apresentam material desafiante, que bebe na tradição, mas evitando emular padrões ou reaquecer fórmulas.

Este é um álbum com muita «exploração tímbrica de contrastes e intensidades diferentes», começar por dizer Hugo Costa à jazz.pt. Cada peça encerra um carácter único e revelador da forte interação entre dois músicos que se conhecem bem, jogos de ação e reação e impulsos mútuos. «Diria que este álbum enquadra-se no que tenho vindo a fazer mais recentemente com os grupos acústicos em que toco, ou seja, numa música sem estruturas pré-estabelecidas e criada no momento.» Neste álbum está mais uma vez patente o desejo de evolução e de trazer sempre novos elementos para a sua música. Isto decorre em especial do facto de este ser um álbum em duo, «o que cria uma dinâmica diferente e especial», sublinha o saxofonista.

“The Art of Crashing” começa com a concisa “Oase”, espécie de declaração de intenções do saxofonista, a partir de frases melódicas serpenteantes – que lembram formas musicais do leste europeu – com recurso a técnicas estendidas, explorando microtonalidades, multifónicos e harmónicos. “Twine Engined” é já propulsionada a dois motores, com a bateria meticulosa a juntar-se em plano de absoluta igualdade ao saxofone de Costa. Primeiro são as frases curtas e percussivas do saxofone, com recurso a slap tonguing, multifónicos e notas no registo altíssimo, devedoras de certo free jazz. A peça evolui então para uma narrativa mais melódica e meditativa, com o saxofone a alternar entre diferentes registos.

“Blind Spot” é introduzida por Ernsting, que abre caminho para a entrada do saxofone, encantatório, desenvolvendo um drone xamânico a espaços mais intenso. A bateria é inesgotável tanque de combustível, embora ambos se alimentem biunivocamente. A dado momento, o baterista propõe um padrão mais complexo e ambos os instrumentos aumentam a intensidade, culminando num clímax frenético. Parecendo constituir-se como o centro nevrálgico do álbum, “Nowhere Fast” é extensa ruminação, na qual Ernsting propõe um padrão em staccato, juntando-se-lhe o saxofone com frases angulosas; a música desenvolve-se sem pressas até que instala algo que se assemelha a um ritmo africano partido, ganhando depois outra densidade. Costa explora harmonias avançadas que desembocam num crescendo, com o saxofone explosivo no registo altíssimo.

“Spookstaad” (em português, “cidade fantasma”) é mais contida, espécie de dança íntima entre os dois instrumentos. O saxofone começa por uma passagem melódica, misteriosa, feita de notas longas; o baterista usa o tom tom, que quase soa a um tímpano. Na peça final, “Drink it Now”, a bateria estabelece uma espécie de semi-marcha e o saxofone insta-nos, primeiro mais ayleriano, gritado, depois relaxado, deixando assomar laivos melódicos. Ernsting utiliza todo o kit, mormente o aro para trazer cores diferentes. “The Art of Crashing” é mais uma peça no infinito puzzle da música que demanda novos territórios e um álbum marcante no interessantíssimo percurso do saxofonista português.” Jazz.pt – Portugal